Eu… e a fotografia

Eduardo Oliveira | Fotógrafo de Casamento

A par de muitas histórias sobre fotógrafos, também o meu pai teve uma máquina fotográfica em jovem. No entanto, o cliché da fotografia por herança fica por aí. A minha relação com uma máquina começou aos 20 e poucos anos e já no mundo digital – a película não me diz absolutamente nada.

Ainda me lembro da primeira vez que olhei através do visor de uma máquina fotográfica e de ficar fascinado com o que via. Era o meu primeiro contacto com algo “artisticamente” desfocado por mim. Mais tarde, depois de estudar apaixonadamente o assunto, apercebi-me, com algum espanto, de que seguia intuitivamente algumas das regras elementares da fotografia. Até então nem sabia que esta as tinha.

Alguns anos depois, um amigo deu-me a conhecer o trabalho de um fotógrafo de casamento britânico, então pouco conhecido, chamado Jeff Ascough. Fiquei vidrado no seu trabalho, sobretudo, pela sua abordagem fotojornalística e esteticamente elegante. Eram fotografias desprovidas de efeitos baratos, poses absurdas e recheadas de conteúdo histórico!

Dei então por mim a ver, repetidamente, colecções de fotografias de casamento, sem ser obrigado a tal! Foi então que percebi que era possível documentar um casamento de forma elegante e inteligente, usando uma abordagem que já me era familiar: fotografar o que gostava, quando gostava e, sobretudo, de forma discreta.

Hoje, depois de milhares de fotografias, debato-me frequentemente pela decisão entre viver o momento ou capturá-lo. Não consigo fazer bem as duas coisas, com muita pena minha. Pelo que, geralmente, tendo a escolher a primeira – o que não abona a minha colecção fotográfica privada.

Por mim, viveria sob o olhar constante de um fotógrafo. Quão irónico… :)